Saúde, campanha eleitoral e PPPs

terça-feira, 14 de agosto de 2012 10:41 Postado por Roberto Sampaio

A imobilidade da política de saúde do prefeito Marcio Lacerda começa a influenciar negativamente a sua campanha à reeleição. A ausência de políticas de longo prazo, de investimentos adequados em infraestrutura, de realização de concursos e as contratações emergenciais irresponsáveis, já apontados aqui no “Saúde na Internet”, resultaram em uma deteriorização do sistema de atendimento em Belo Horizonte. Prova disso, é que a saúde é apontada como principal problema da cidade, conforme pesquisa do Instituto Datafolha.

Marcio Lacerda, ciente disso, iniciou sua campanha com uma visita, disfarçada de fiscalização surpresa, a um posto de saúde na Região do Venda Nova. Nessa unidade de saúde, onde estão lotados somente dois médicos, o prefeito exonerou a gerente, pois ela concedeu férias a um dos médicos. No entanto, o prefeito deveria analisar melhor a planilha de funcionários de saúde do município, para ver a necessidade derealização de concursos para profissionais de saúde, bem como conhecer melhor, como executivo, o direito de férias concedido pela Constituição e pela CLT.

Alguns dias depois, Lacerda disse que: “O problema da saúde está sendo resolvido”. Porém, as obras não serão entregues nos próximos anos. Some-se a isso, o fato dessas construções serem demandas antigas da população, feitas nas eleições municipais de 2008 e prometidas pelo atual prefeito para 2010, como o Hospital Metropolitano do Barreiro.

Se a atual gestão for reeleita, o descaso com a saúde continuará. O governo municipal pretende vender 130 lotes. Somente não o fez, porque o projeto de lei não foi aprovado na Câmara Municipal pela intervenção do vereador Iran Barbosa, do Ministério Público e por pressão popular. Além das irregularidades apontadas pelo MP, o projeto de Marcio Lacerda venderia diversos lotes em regiões onde a prefeitura aluga imóveis para acomodar unidades de saúde.

Ao mesmo tempo em que a prefeitura não utiliza os lotes disponíveis que para construir infraestruturas vitais de saúde ou educação para a cidade, o prefeito deseja repassar a responsabilidade dessas construções para iniciativa privada, por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP).

O problema do modelo de PPP que tem sido utilizado pelo governo estadual e municipal é o excesso de verbas públicas e a alta margem de lucro garantida às empresas privadas. Isso ocorreu no termo de cessão do Mineirão e do Independência e ocorrerá no Hospital Metropolitano do Barreiro, orçado em 2008 entre 60 e 80 milhões. Na PPP anunciada para finalizar essa obra, o preço final foi inflado para 160 milhões e o poder público investirá 60 milhões (20 milhões já investidos na primeira fase pela prefeitura e 40 milhões que serão investidos pelo governo estadual), ou seja, o valor total do custo para sua construção. A iniciativa privada não terá custos para construir o prédio e poderá explorá-lo comercialmente, o que lhe renderá grandes margens de lucro.

A expectativa é que o Ministério Público intervenha novamente, como tem feito em outras decisões políticas questionáveis nos últimos anos, como nas PPPs dos estádios mineiros, na venda dos lotes ou na utilização indevida do dinheiro público pelo prefeito Marcio Lacerda. Outra opção, também, é uma mudança de administração municipal nas eleições de outubro.

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